domingo, 29 de agosto de 2010

Encontro Regional sobre o Cerrado Paulista

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Encontro Regional sobre o Cerrado Paulista:  Aspectos da vegetação e iniciativas socioambientais

O Instituto Ambiental Vidágua, em parceria com o Projeto Arte na Terra, promove no dia 25 de setembro o Encontro Regional sobre o Cerrado Paulista: Aspectos da vegetação e iniciativas socioambientais. O evento acontece na Fazenda São Luiz, em São Joaquim da Barra-SP, é totalmente gratuito e aberto aos interessados. Terá inicio às 9h, seguindo até as 17h, com almoço incluído, visando compartilhar experiências e informações sobre o Cerrado na região, as iniciativas e projetos desenvolvidos, conversando sobre a situação do bioma na região, compondo um banco de dados sobre o Cerrado e um plano de ação. As atividades incluem palestra, vivência no Cerrado, feira de sementes, rodas de conversa e levantamento de informações para elaboração de um dossiê sobre o bioma. Haverá transporte gratuito para os participantes, saindo de Ribeirão Preto, e emissão de certificados. As vagas são limitadas e as inscrições deverão ser feitas neste blog.

O Encontro faz parte faz do projeto Estratégias para Conservação do Cerrado Paulista a partir da mobilização da Sociedade Civil, financiado pelo Programa de Pequenos Projetos Ecossociais da ONU – PPP/GEF/PNUD, e desenvolvido pelo Instituto Vidágua, que tem como objetivo divulgar o bioma e ressaltar sua importância biológica, medicinal e social, levantar informações para produção de materiais e criar um grupo multidisciplinar permanente de discussão e desenvolvimento de projetos com os interessados em todo Estado de São Paulo. Em 2005, o Vidágua desenvolveu a primeira fase deste projeto concentrado na região de Bauru/SP, desenvolvendo produtos de divulgação e realizando palestras e eventos na tentativa de colocar o Cerrado na pauta política regional. Agora, a proposta é abranger as ações para outras áreas com incidência do bioma, entre elas, Ribeirão Preto.  
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sábado, 28 de agosto de 2010

O Cerrado Paulista

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Maria Mole do Brejo
Quem circula pelas estradas próximas a Araçatuba e Presidente Prudente, no noroeste do Estado de São Paulo, por Botucatu, Marília e Bauru, já na região central, ou mesmo por Campinas, em direção à capital, costuma ver uma paisagem com árvores de troncos tortuosos e de folhas grossas, que lembram esculturas barrocas. Chamado injustamente de mato, esse é o Cerrado, vegetação associada ao Centro-Oeste brasileiro, mas que atravessa o território paulista e chega ao norte do Paraná.
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Considerado ponto crítico para a preservação da biodiversidade, o Cerrado brasileiro encontra-se muito fragmentado e degradado pelo avanço das cidades, da agricultura e da pecuária. Em São Paulo, ocupa apenas 1% da área do Estado (248,8 mil km2), da qual já cobriu 14%. E só 18% do que resta é protegido por 32 unidades de conservação e de reserva legal. O problema é sério. Está ameaçada não apenas a biodiversidade, mas também os estoques do Aqüífero Guarani, uma das maiores reservas de água subterrânea do mundo. Com a substituição da vegetação nativa por agricultura, os agrotóxicos e adubos podem chegar ao solo profundo e contaminar o aqüífero.
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Berçário de rios - Segundo ecossistema brasileiro mais extenso, depois da Amazônia, o Cerrado ocupa atualmente 2 milhões de km2, dos quais 700 mil estão sujeitos à ação antrópica (intervenções humanas intensivas), segundo a EmpresaBrasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Total ou parcialmente, recobre 11 Estados e três capitais - Brasília, Belo Horizonte e Goiânia. Era a vegetação original da cidade de São Paulo, mas, hoje, os remanescentes mais próximos estão em Juqueri, a cerca de 50 km da capital.
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É no Cerrado - assim chamado por ser um emaranhado de arbustos, herbáceas e árvores muito difícil de ser atravessado - em que nascem as águas das principais bacias hidrográficas brasileiras, a Amazônica, a do Paraná-Paraguai e a do São Francisco. É também o ambiente próprio do buriti (Mauritia vinifera flexuosa), uma palmeira que cresce às margens de rios, e de espécies ameaçadas de extinção, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla). Vivem ali 4.400 espécies endêmicas de plantas, 800 de pássaros, 120 de répteis e 150 de anfíbios, de acordo com um levantamento recente da Conservation International, instituição não-governamental que no ano passado contribuiu para que o Cerrado brasileiro fosse incluído entre os hotspots (áreas críticas) do mundo.
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Aproxima-se de 80 o número de espécies típicas do Cerrado com potencial econômico, enquanto outras 100 podem ter uso medicinal. Um estudo em andamento na Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara indica que as plantas do Cerrado podem ser a fonte de medicamentos contra fungos, tumores e a doença de Chagas.
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Paisagem inspirou literatura e música
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As paisagens do Cerrado têm inspirado artistas na literatura e na música. Segundo o docente da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP Luiz Gonzaga Marchezan, campus de Araraquara, nas obras dos escritores Afonso Arinos e João Guimarães Rosa, além do buriti, as paisagens destacam o chão de areia, árvores tortas, arbustos, um cenário de savana tropical rica em bichos e plantas. "Aluno atento dos sertanejos, Guimarães reconhecia de longe espécies típicas do bioma, como imbaúba, barbatimão, pequizeiro, barriguda, jatobá e taquari", analisa Marchezan.
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O Cerrado já foi também exaltado na MPB pelas vozes de Gilberto Gil, Nara Leão, Zé Ramalho, entre outros. "Já sentiram das planícies orvalhadas o cheiro doce das frutinhas muçambê? Já experimentaram a guabiroba bem madura?", canta Nara Leão, em Penas do Tiê.
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Fontes: Pesquisa Fapesp e Jornal UNESP
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

O Cerrado

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Ipê do Cerrado
Sabe-se hoje que o Cerrado é uma das regiões de maior biodiversidade do planeta e cobre 25% do território nacional. Estimativas apontam mais de 6.000 espécies de árvores e 800 espécies de aves, além de grande variedade de peixes e outras formas de vida. Calcula-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das espécies de abelhas sejam endêmicas, isto é, só ocorrem nas savanas brasileiras. Devido a esta excepcional riqueza biológica, o Cerrado, ao lado da Mata Atlântica, é considerado um dos "hotspots" mundiais, isto é, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta. Sua fisionomia mais comum é uma formação aberta de árvores e arbustos baixos coexistindo com uma camada rasteira graminosa. Existem, entretanto, várias outras fisionomias, indo desde os campos limpos até as formações arbóreas.

Nas últimas décadas, o Cerrado tem sido visto como uma alternativa ao desmatamento na Amazônia, sendo proposta a exploração mais intensa dessa região, seja por expansão agrícola, seja por plantios florestais para fixar carbono atmosférico. O processo de ocupação do bioma chegou a tal ponto que não é mais apropriado considerá-lo como "fronteira". A ocupação humana e a construção de estradas fizeram com que uma massa contínua de área com biota natural se transformasse numa paisagem cada vez mais fragmentada, composta por ilhas inseridas numa matriz de agroecossistemas.

A extensa transformação antrópica do Cerrado tem o potencial de produzir grandes perdas de biodiversidade, especialmente em vista das limitações das áreas protegidas, pequenas em número e concentradas em poucas regiões. O grau de endemismo da biota do Cerrado é significativo e pouco se conhece sobre a distribuição das espécies dentro do bioma, embora esforços importantes de pesquisa tenham sido iniciados na década de 1980.

Cerrado é uma palavra de origem espanhola, que significa fechado. Este termo busca traduzir a característica geral da vegetação lenhosa densa que ocorre na formação savânica. Entretanto, a falta de uniformidade na sua utilização ao longo da história gerou uma série de controvérsias e dificuldades na comparação de trabalhos da literatura.

O emprego do termo "cerrado" evoluiu e uma das acepções de uso corrente mais abrangente refere-se ao bioma predominante no Brasil Central, que deve ser escrita com a inicial maiúscula ("Cerrado"). Uma outra acepção, cerrado em sentido amplo, reúne as formações savânicas e campestres do bioma, incluindo desde o cerradão até o campo limpo.

Referência bibliográfica: "Biodiversidade do Cerrado e Pantanal: áreas e ações prioritárias para conservação"/Ministério do Meio Ambiente. - Brasília: MMA, 2007.

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